Quantos de nós já contratamos uma TV por assinatura com centenas de canais, por causa de apenas uma dúzia deles; ou adquirimos pacotes de aplicativos, de uso doméstico, quando precisávamos de apenas um ou dois programas? Ao longo dos anos, esses mercados foram se moldando às necessidades dos clientes, os streamings de vídeo passaram a oferecer a possibilidade de assinar, separadamente ou em conjunto, plataformas com conteúdo para crianças e adultos.
Hoje podemos adquirir os softwares de que precisamos por meio de assinaturas, sem a necessidade de instalar os programas no PC. Oferecer a possibilidade de o cliente montar sistemas de tecnologia customizados de acordo com a necessidade do seu negócio e dos usuários é a principal tendência, também, do setor de softwares corporativo para este e os próximos anos.
As companhias não querem usar um software padrão de fábrica, mas soluções que possam receber customizações de parceiros tecnológicos ou mesmo desenvolvidas de forma interna. A customização estará presente na forma como as companhias integram as aplicações, como os usuários acessam as informações e na combinação das tecnologias que auxiliam na tomada de decisões em escala global.
Listo abaixo cinco tendências neste novo cenário:
Os Sistemas Integrados de Gestão Empresarial (ERP) estão evoluindo para Plataformas de Aplicativos Empresariais (EAPs), que possuem três características arquitetônicas:
Ou seja, as companhias precisam de um modelo de plataforma que possibilite integrar softwares sobre a gestão do fluxo de produção, a análise de dados e, ao mesmo tempo, sejam extensíveis rapidamente, o que contribui para a escolha por sistemas armazenados na nuvem.
Você já se perguntou até quando vamos continuar usando teclados no formato QWERTY, uma tela e um mouse para nos comunicarmos com os softwares no ambiente corporativo? À medida que o mundo dos negócios continua a fazer a transição para ambientes de trabalho remoto, a experiência do usuário também precisa seguir essa evolução e mudar.
A interação entre o usuário e as máquinas precisa evoluir, seja com o aumento do uso de dispositivos que utilizam recursos de voz ou, pelo uso de interfaces touch screen, que não podem se limitar a oferecer um teclado QWERTY virtual. O usuário precisa ter a alternativa de fazer a interação com os sistemas quando estiver, por exemplo, com as mãos ocupadas executando um trabalho ou estiver longe de monitores, teclados e mouses. Esses assistentes, de interação, precisam ser capazes de auxiliar os colaboradores na tomada de decisões e na execução de tarefas.
A inteligência preditiva precisa ser adicionada aos negócios em todos os setores produtivos. O gerenciamento de dados por meio do Data Fabric, a inteligência de negócios, a IA (inteligência artificial) e o machine learning devem ser agregados para criar uma solução robusta capaz de gerar resultados significativos a gestores e colaboradores. Por meio dessas tecnologias, os processos de negócios serão desenvolvidos para corresponder às necessidades dos usuários, além de serem autocorretivos.
Mas essas informações também devem estar disponíveis no ponto de decisão, seja em um aplicativo para o usuário que estiver fazendo a manutenção de um equipamento em um local distante, acessar pelo celular, wearable, ou mesmo dentro de um drone ou outro equipamento, que possibilite a interação por comando de voz.
As companhias dos mais variados segmentos econômicos estão se tornando empresas de tecnologia e precisam gerar inovações cada vez mais rápido. Para fazer isso elas necessitam das desenvolvedoras de softwares corporativos, que precisam oferecer soluções capazes de suportar e possibilitar a integração dos dados, provenientes dos sistemas legados, com as informações geradas pelos softwares atuais.
Ao mesmo tempo, não existem pessoas habilitadas em codificação para criar todos os códigos necessários e as plataformas no-code/low-code deverão ser usadas pelas companhias para produzirem e adaptarem os programas padrões de acordo com a sua necessidade. E, também cabe às desenvolvedoras de softwares corporativos oferecer essas ferramentas e know-how.
Os negócios estão se tornando mais globais e em um ritmo acelerado. Muitas multinacionais de origem norte-americana, europeia e asiática operam no Brasil, assim como empresas de origem brasileira expandem para o exterior. Esse cenário gera desafios também para os fornecedores de software corporativos, que precisam ser capazes de oferecer suporte e adaptações de sistemas para a legislação de cada país onde a empresa atua.
As fabricantes de softwares corporativos, que tenham a capacidade de deixar a vaidade de lado, ao permitir que outras empresas desenvolvam customizações capazes de gerar valor ao seu software, disponibilizam ferramentas que auxiliam os clientes nas integrações e tenham a capacidade de auxiliar os clientes a escalarem seus negócios deverão ser o padrão do mercado em um futuro próximo.
* Waldir Bertolino é country manager da Infor no Brasil